Coordenador: Jean Cristtus Portela
História da semiótica do discurso: desdobramentos contemporâneos
Descrição: A presente pesquisa tem origem em projetos desenvolvidos nos triênios 2016-2018 e 2019-2021, que empreenderam o mapeamento da história da semiótica do discurso em seus debates e perspectivas epistemológicos e históricos, à luz das contribuições da historiografia linguística (E. F. K. Koerner, P. Swiggers, entre outros). No triênio 2022-2024, nosso programa de estudos sobre a história da semiótica do discurso tem como objetivo geral um olhar aprofundado sobre os desdobramentos contemporâneos da teoria, especialmente nos anos 2000 e 2010, período que nos permite compreender pontos de estabilização e de desestabilização no desenvolvimento presente e futuro da disciplina no Brasil e no Exterior, em um cenário intelectual partilhado por diferentes práticas teóricas (semiótica das práticas, semiótica tensiva, sociossemiótica) e povoado por diversos objetos e noções (níveis de pertinência semiótica, práticas, formas de vida, estilos de vida, afeto, regimes de interação e união, por ex.). A partir de reflexões desenvolvidas no âmbito da historiografia da linguística e no quadro dos estudos históricos e conceituais da semiótica, propomos: (1) desenvolver modelos semióticos de análise historiográfica que permitam analisar detidamente os textos e as práticas que constituem o campo teórico e sua história, em especial aqueles ligados à sua retórica científica, aos modos de citação e aos demais critérios e parâmetros empregados na análise historiográfica; (2) inventariar, analisar e estabelecer o clima de opinião dos termos-chave e das noções mais frequentes nos periódicos brasileiros e estrangeiros de semiótica.
Coordenador: Matheus Nogueira Schwartzmann
Corpo e prática: identidades minorizadas na opinião pública brasileira
Descrição: O presente projeto tem por objetivo compreender a construção de determinadas identidades sociais minorizadas que se manifestam na forma de textos, discursos e práticas os mais diversos, cuja dinâmica é fundamental na transmissão e na reprodução da cultura brasileira. Nesse sentido, adotamos a metodologia dos níveis de pertinência da análise semiótica (Cf. FONTANILLE) que permite analisar (1) séries e coleções de textos, (2) obras e (3) grandes bases de dados (Cf. DONDERO), (4) práticas e condutas, (5) interações sociais, (6) formas de vida e (7) modos de existência coletivos e das coletividades por meio de uma ampliação da noção de texto em semiótica, que, entendido então como ?labiríntico sistema de escolhas e recortes? (Cf. SCHWARTZMANN), nos permite caminhar na direção de uma semiomereologia cultural. Desse modo, o projeto, ao se debruçar sobre a produção, a circulação e a recepção de textos, objetos e práticas em diversas linguagens e oriundos de diferentes formas culturais, se volta para a descrição e a análise de identidades consideradas minoritárias (mulheres, pessoas negras, migrantes, homossexuais, transexuais e travestis), principalmente no que se refere à representação de seus corpos e práticas sociais no âmbito de uma ?opinião pública? brasileira (Cf. AMOSSY; GENETTE,), em que são tratados ora como corpo objeto, ora como corpo abjeto (Cf. BUTLER), validando procedimentos de violação e interdição de formas de vida que se organizam segundo práticas subsumidas a economias de valores diversos, como os estéticos, os sanitários e os de classe. Com a pesquisa, esperamos estabelecer uma relação entre semiótica, linguística, estudos culturais e estudos de gênero, notadamente, que, assumidas como disciplinas autônomas e com objetos distintos, podem, no entanto, contribuir umas às outras naquilo que partilham de modo inegável: o problema da linguagem (da língua, do corpo), da identidade (linguística, discursiva, social e cultural) e da subjetivação (semiótica, discursiva). Assim, pretende-se estabelecer um diálogo entre as teorias contemporâneas sobre gênero, raça, classe e sexualidade, especialmente com as propostas de Ângela Davis, bell hooks, Sueli Carneiro, Silvio Almeida, Frantz Fanon, Judith Butler e Paul Preciado, tendo como fundo teórico as noções de forma de vida e cena prática (Cf. FONTANILLE) que, entendidas como ?sintagma enunciativo identificável?, fazem parte de processos de produção de subjetividade marcados por sistemas de valores (axiologias/ideologias) que criam, gerenciam e (des)controem identidades diversas. Além disso, esperamos avançar na direção de uma metodologia semiótica que estabeleça critérios para a seleção e a análise de dados massivos e muitas vezes dispersos (metadados, algoritmos, Big data), que se organizam em níveis multidimensionais (como hipertextos, hipermídias, transmídias) ultrapassando o padrão textualista da análise semiótica mais convencional.
Programa CAPES-PrInt-Unesp, tema “Sociedades Plurais”, Projeto “Linguagens e produção de conhecimento”
Coordenador: Jean Cristtus Portela
Projeto da Rede Internacional de Pesquisa “Retóricas da identidade: a formação humanística como fundamento da leitura crítica”
Coordenador: Matheus Nogueira Schwartzmann
Descrição: O presente projeto dedica-se à investigação da produção, da circulação e da recepção de textos e práticas em diversas linguagens e oriundos de diferentes formas culturais humanas. Assume-se, aqui, uma abordagem que se denomina retórica porque permite estabelecer e descrever princípios de organização e de regulação das identidades, por meio de operações de amplificação, diminuição e contraste. Para tanto, recorre-se à literatura, à mídia, à ciência, ao ensino e da publicidade, em que se apresentam os problemas teórico-metodológicos relativos ao sincretismo de linguagens, às formas de tradução, ao sentido das narrativas sociais e literárias e à dinâmica dos valores sociais que sustentam a produção de identidades na cultura. O objetivo geral deste projeto consiste em demonstrar como a compreensão dessas retóricas da identidade constitui um aspecto fundamental da transmissão e da reprodução da cultura, imprescindível para se avançar em uma sólida formação humanista. Nesse sentido, o projeto assume também como objetivo discutir o problema da significação, entendida como fenômeno de transposição, de transcodificação de uma linguagem noutra, o que, em sentido amplo, pode ser convertido no problema da leitura. Por leitura, referimo-nos, especialmente, ao exercício de relacionar o acontecimento singular do contato com o texto àqueles procedimentos (entendidos como retóricos) que o inscrevem num conjunto de regularidades semióticas, estéticas e culturais. A formação humanista constitui-se em um passo decisivo para a superação dos desafios postulados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, em especial o de n. 4 (Educação de qualidade), que está intimamente ligado aos ODS de n. 1 (Erradicação da pobreza), 5 (Igualdade de gênero), 10 (Redução das desigualdades) e 16 (Paz, justiça e instituições eficazes), entre outros. Do ponto de vista teórico-metodológico, nossa pesquisa se assenta nos pressupostos linguístico-literários das teorias da linguagem, do texto e do discurso, especialmente no âmbito da tradição estruturalista e pós-estruturalista, com aderência às teorias da tradução, dos estudos culturais, dos estudos clássicos, da filosofia, da sociologia e da antropologia.